quarta-feira, 28 de maio de 2014

Cigarro

Fumar um cigarro: o que deveria ser apenas um prazer, tornou-se um estilo de vida compulsório. Esta afirmação, apesar de conhecida, é pouco debatida (pelo menos no meu grupo de amigos).


   Todos nós fumamos ao menos um cigarro por dia, geralmente fazendo aquele convite indecente "vamos fumar um cigarro?". E logo aquele um vira 2, que vira 5 e em pouco tempo, 1 maço.
   Comecei a fumar no final do ano passado (2013), quando percebi que o cigarro era mais do que um prazer ou uma desculpa para a vida social: poderia ser um momento para ter ideias, ou uma válvula de escape dos problemas (stress ou tristeza), ou poderia ser um momento mais poético ou ainda aquele espaço para meditar e trabalhar. O cigarro logo virou parte da rotina. Para acordar ou dormir, depois de comer, acompanhando uma cerveja ou apenas mais um amigo fumante.
   Quando dei por mim, o cigarro já não era mais um prazer: era apenas mais um cigarro. Fumava porque fumava e pronto. E se antes eu preferia fumar sozinha para aproveitar e degustar, agora queria fumar em grupinho para ter um motivo (ou não fumava e mantinha-me ansiosa com a ideia). Por mais que surgisse alguma preocupação quanto a minha saúde e minha conta bancária, ou mesmo uma frustração e decepção a respeito dos mesmos assuntos, não parei. Cheguei ao ponto máximo de fumar 1 maço por semana (isso quando não dava apenas para 4-5 dias). 80 cigarros por mês.
   Então veio o tempo absurdamente seco e uma tosse forte veio me visitar (como acontecia quase todos os anos). Se antes eu apenas ficava tranquila tomando xarope e esperando que ela passasse, desta vez eu me preocupei muito mais: poderia ser fruto do meu novo hábito.
   Passei 10 dias tossindo até tomar coragem e ir ao médico, esperando ao menos o diagnóstico de uma pneumonia. Saí de lá bestificada: era apenas uma tosse alérgica.
   Nos dias que passei tossindo, ainda quis tentar fumar em um ou outro dia: mas não conseguia nem tragar. E isso me ajudou a tomar certa consciência a respeito deste hábito: fui ler algumas matérias na internet e logo gravei a informação de que a fumaça entra a 300°C no organismo, queimando-o. Também li sobre tantos outros males que ele traz à saúde. Além disso, li que quanto mais somos expostos a imagens de pessoas fumando (seja por texto, fotos ou vídeos), mais queremos fumar.
   Mas se o cigarro é tão ruim assim, por que fumamos? Pelo estilo de vida que ele representa. E muitos dos fumantes esperam ter algum grave problema de saúde para cortar os tragos diários. Apesar de não ter sido nada grave, sou muito medrosa e assustada com tudo e a possibilidade de ter algo pior que a tosse já me fez diminuir drasticamente a 1 cigarro por dia. Não parei e nem sei se desejarei parar algum dia, mas quero, sempre que fumar, aproveitar cada tragada, não me obrigando a fumá-lo por inteiro se não estiver mais com vontade ou se já não estiver mais aproveitando-o.
   Mas não falei tudo isso como um tipo de moralização ou alerta a algum tipo de risco: pelo contrário. Senti extrema necessidade de registrar, hoje, a bela experiência de degustação de um cigarro.
   Comecei meu dia, tal qual nos outros 3 dias anteriores, com meu ouvido entupido (sim: quem possui o canal do ouvido, assim como o meu, muito estreito acaba ficando com o ouvido entupido com cera de tempos em tempos. Para resolver isso é só ir no otorrino lavá-lo). Essa é uma das piores sensações do mundo: parece que estou ficando surda e isso me deixa profundamente irritada. Mas não tinha problema: logo fui ao otorrino e saí de lá até meio zonza ouvindo tudo e mais um pouco: o barulho que a calça fazia ao roçar em minha perna, o sapato moldando-se a cada pisada e o cabelo sendo colocado atrás da orelha. Tudo tinha um belo e claro som próprio de si. Foi fantástico andar na paulista hoje.
   Fui almoçar com um jornal nas mãos e umas batatinhas com maionese já na boca: degustando a beleza de se afundar num sofazinho de fast-food. Passe um tempinho lendo a introdução de um livro. E logo que me levantei e saí de lá, tinha o propósito de ir direto para o trabalho, mas eu ainda tinha tempo e o starbucks estava logo ali na esquina da al. santos com a área para fumantes me seduzindo. Não pensei duas vezes e dei meia volta em busca de uma cadeira solitária para poder ouvir a música da cafeteria e ver os transeuntes que invadiam os restaurantes na hora do almoço.
   Acabei me sentando quase que na última mesa do corredor. Só não sentei porque havia um velho senhor já ocupando o lugar. Sentei-me e fiquei dois instantes olhando ao redor. Pensei algumas vezes em ir fazer companhia àquele senhor, mas não sabia se ele iria se incomodar com o cigarro (que ainda era apenas uma ideia) ou se ele queria estar só. E de qualquer modo, não saberia o que dizer a ele, já que teria apenas uns 10 minutos.
   Enfim, ascendi meu cigarro. E que cigarro: cada tragada completava aquele momento tranquilo com um pedacinho de prazer e leveza.
   Foi neste momento que descobri que preciso e desejo conversar com pessoas mais velhas que possam me contar experiências ou me dar lições e mostrar como a vida é e como podemos lidar com ela. E isso me pareceu um bom plano.
   Tive vontade de ouvir a história de mais meia dúzia de pessoas que passavam na rua. Pensei no céu azul, na paisagem entre prédios e árvores e naquele cigarro que queimava entre meus dedos da mão direita.
   Ao cabo de 10 minutos apaguei o cigarro e o guardei para mais tarde (ainda tinha mais 1/2 prazer inteiro). Levantei-me e pensei que deveria ter escrito estas palavras no momento em que pensava; pensei o quanto ansiamos e cobramos sabedoria dos mais velhos (e que isto deve ser um fardo complicado de se carregar); pensei o quanto deveria fazer isso mais vezes (almoçar e seguir o ócios por um tempo ainda a degustar o sabor que ficou na boca; depois fumar e degustar o hiato de tempo que foi infinito e agradabilíssimo enquanto existiu).


   Talvez degustar seja o que falta nesta vida tão mecanicamente automática.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Teoria da projeção Atômica

Esses dias tive uma associação muito interessante sobre Fisica básica:

      As pessoas são como condutores de eletricidade, quando uma se aproxima de outra, a carga eletrica positiva e negativa se atraem, e as iguais se repelem. Mas vou explicar melhor:
      Em nossas vidas, achamos pessoas que possam nos completar e nos atrapalhar. Por causa da projeção edipiana de pai e filho (Freud) podemos dizer que quanto mais responsaveis, controlados e certinhos, mais amigos de pessoas caóticas e inconsequentes somos, e vice-versa. No modelo atomico existe o nucleo, dentro dele os protons (carga positiva) e ao seu redor os eletrons (carga negativa). A carga eletrica está em todos os lugares. Quando dois atomos se cruzam pela força de atração dos protons eles podem ter mais liberdade de movimento e assim se misturarem com outro atomo, repelindo os iguais e aproximando os contrarios. Outros desses eletrons são fortemente atraídos pela força dos protons, no nucleo, e são considerados isolantes, pois não se misturam.
      Quantas pessoas são assim, presas em seu próprio núcleo, chamado imaginação, retraidas em sua própria brisa? Quantas outras não se deixam ser influenciadas pelo meio, pelo coletivo? Quando projetamos ser cuidados ou mesmo cuidarmos de alguém, pouco pensamos. Mas nós mesmos, insconcientemente, trocamos energia com ela. Podemos projetar nossos pais nela e lhe pedir conselhos, obedece-las, considerar sua opinião como importante... E ao projetar nossos filhos nelas, cuidamos como se fossem adolescentes: lhe damos conselhos, orientamo-nas. Porém se você tiver muitos "filhos" você pode se sentir sem energia. Afinal, aquelas pessoas vão cobrar uma posição de você e logo sofrerá de muito stress e ficará sem pique pra nada. Você sofrendo disso, irá procurar alguém que possa tirar a energia que precisa para ter seu equilibrio, projetará em alguém o mesmo que é projetado em si, afim de recuperar a energia e não ser cobrado de seu papel. Nisso, criamos a cadeia de energia de projeções: você, "filho" de alguém e "pai" de outro. Todos nós dependemos da energia e compania um do outro e projetamos o que nos faz mais falta. Nos misturamos a todo momento como as cores em um balde de tinta, em qualquer relação. Sabemos como projetar algo em alguém e tirar energia disso. Mas como criar essa energia? A maioria de nós realmente não sabe e assim vivemos essa cadeia alimentar. E dái surge minha brisa: um, talvez, "monomito", ideias que fazem parte de coisas diferentes mas no fundo elas podem dizer a mesma coisa e no caso ser uma só:

VOCÊ!


quinta-feira, 1 de maio de 2014

Olhar mouro

Seus olhos mouros
sombrancelha bem recortada
de olhar severo e desconfiado
o nariz agudo, tem leve lordose
rosto vincado, da orelha ao nariz
de expressões cansadas
por emoções não entendidas

O corpo diz às vezes,
que não sabe o que fazer
E suspira longamente
Para exalar seu vazio
Então o vácuo de seu coração
Logo me suga para dentro
E estou imerso em seus ombros
Respirando seus cabelos
Tão macios quanto o veludo
De nossas almas se encontrando

terça-feira, 1 de abril de 2014

Leis da Sombra

Primeira Lei: Aquilo que você não gosta no outro na verdade não gosta em si mesmo.

Segunda Lei: O mal que você teme de seu próximo é um mal que você é capaz de fazer.

Terceira Lei: É inevitável que aquilo que você mais teme te sobrevenha.

segunda-feira, 31 de março de 2014